Ben-Sirá declara que, desde a sua juventude, procurou a sabedoria: “Quando eu era ainda jovem, antes de ter viajado, busquei abertamente a sabedoria na oração”. (Sir 51,13) No caminho descobri uma das realidades fundamentais da relação, seja, o fato de os pobres terem um lugar privilegiado no coração de Deus, perante o seu sofrimento, Deus se “impacienta”, enquanto não lhe faz justiça: “ A Oração do humilde penetrará as nuvens, e não se consolará, enquanto não chegar até Deus. Deus é um Pai atento e carinhoso para com todos, conhece o sofrimento dos seus filhos. Pobres, marginalizados, os que sofrem, esquecidos…. Ninguém está excluído do coração de Deus. Somos todos mendigos, pois sem Deus não seríamos nada. A felicidade não se alegra espezinhando os direitos e a dignidade dos outros. As guerras, a ganância, armas, produz novos pobres vítimas inocentes. Contudo não podemos recuar, pois os “pequeninos”, trazem em si o rosto do Filho de Deus, e que a nossa solidariedade e o sinal da caridade cristã devem chegar até eles. Cada cristão e comunidade são chamados a ser instrumentos de Deus a serviço da libertação e promoção dos pobres. Precisamos fazer nossa oração aos pobres e rezar com eles. “A pior discriminação que sofrem os pobres é a falta de cuidado espiritual”. Eles são abertos à fé, tem necessidade de Deus e não podemos deixar de lhe oferecer a sua amizade, a sua bênção, a sua Palavra, a celebração dos sacramentos e a proposta de um caminho de crescimento e amadurecimento na fé. Isto também é opção preferencial pelos pobres. Santo Agostinho afirma: “O verdadeiro pobre é humilde. O pobre não tem nada de se orgulhar, o rico tem o orgulho para combater”. Deus está atento a cada um de vós e está perto de vós. O silêncio de Deus não é distração face ao sofrimento. O Juízo de Deus será em favor dos genuína esperança, esperança pela doce alegria do Cristo Ressuscitado (Exort op Evangeli Gaulibim).
O dia mundial do pobre tornou-se um compromisso na agenda de cada comunidade eclesial, É ocasião propícia para incentivar que ajudem e apoiem os mais vulneráveis e se dediquem com paixão por eles. Numa cultura que colou a riqueza em primeiro lugar e que sacrifica muito a dignidade das pessoas no altar dos bens materiais, eles remam contra a corrente, tornando claro que o essencial da vida é outra coisa. A oração encontra sua autenticidade na caridade que se transforma em encontro e proximidade. Se a oração não se traduz em ações concretas, é vã; efetivamente, a fé sem as obras é morta. Tg. 2,26. Contudo, a caridade sem a oração corre o risco de se tornar uma filantropia que rapidamente se esgota, “Sem a oração cotidiana, vivida com fidelidade, o nosso fazer esvazia-se, perde a alma profunda, reduz-se a um simples ativismo”.
O testemunho de Santa Dulce dos Pobres e Madre Tereza de Calcutá, ambas deram a vida pelos pobres, estas duas mulheres tiveram força para a sua missão de oração e da fé. No cominho do Ano Santo somos exortados a sermos peregrinos da esperança, dando sinais concretos de um futuro melhor. Não esqueçamos de guardar os pequenos detalhes do amor, (Exort, op. Gaidete et Exultate, 145). Neste momento, em que o canto da esperança parece dar lugar ao ruído das armas, ao grito dos inocentes feridos e ao silêncio das inúmeras vítimas das guerras, dirijamos a Deus a nossa invocação de paz. Somos pobres de paz e, para acolher como dom precioso, estendemos as mãos para costurá-las no dia-a-dia. Seguindo os passos de Jesus, somos chamados a sermos amigos dos pobres como Jesus, o primeiro a solidarizar-se com os últimos.
Que Maria, mãe de Deus, nos sustente neste caminho. Eu sou a virgem dos pobres, a quem Deus olhou para a sua humildade pobreza e às realizou grandes coisas com a sua obediência. Assim nossa oração subirá até o céu e será ouvido.